Normose, a epidemia da desumanização
A intolerância que cresce e se infiltra no Brasil recém emergido do projeto desenvolvimentista que rompeu com as políticas de neocolinização neoliberal diz muito mais sobre cada um de nós do que daqueles a quem foram confiados o desafio de conduzir os destinos de nosso País. Tem a ver com a impotência dos que se desacostumaram à dureza da luta. O conformismo de quem sucumbiu ao que José Saramago definiu como cegueira contemporânea deixando em segundo plano seus princípios morais. Diz também respeito à insensibilidade diária que demonstramos perante o sofrimento do outro e a nossa incapacidade de compreender o preço da conveniência, paga antes mesmo da tragédia maior ser consumada na conjuntura que nos espera. Mais ainda, tem a ver com o vazio contemporâneo também de nossa arte – no cinema, na música ou na teledramaturgia. Nossos heróis não morrem mais de overdose. O passaporte para a fatalidade está no discurso enfraquecido de ideias e ideais, na inércia intelectual ou no